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  • Foto do escritorJonas Muro Gomes

Crônicas do "Borrachudo" - Mini Barcelona, 300 milhas em Solitário no Mediterrâneo!


Percurso: Barcelona>plataforma "Casablanca" por BB> ilha de Dragonera por BE>Barcelona


Barco: Mini 6.50 Borrachudo com o skipper Jonas M. Gomes (🇧🇷)


É galera, mais um regatásso, com uma dinâmica bem diferente da última!


Já antes da partida sabia que ia ser uma regata dura. A previsão de tempo com rajadas de 40+ nós fez com que o percurso original (Menorca por Boreste) fosse alterado por segurança, mas mesmo na nova área de regata não seria uma navegada leve.

Diferente da última regata também, essa seria em solitário novamente - e até agora não tive nenhuma regata solo que tenha sido fácil de completar.


A largada em si foi fraca, um pouco atrasado por conta do vento que veio subindo logo antes devido a uma nuvem e forçou a frota toda a botar o primeiro rizo... mas eu estava a barla, com vento limpo e claramente com o barco mais orçador da frota.


Largada da Mini Barcelona 2022, Borrachudo em primeiro plano!


Uma cambada para a direita cedo para aproximar das bóias do canal de navios, que teríamos que deixar por BE, também deu certo e a meio caminho para ela cheguei a estar em terceiro!

A alegria foi curta, afinal passando a bóia o vento folgou um pouco e os barcos novos começaram a me atropelar um por um, como de praxe nesse caso.


Os Minis com proa redonda têm muito mais potência no vento folgado


Seguimos rente a costa com o vento SSW, que foi rondando como previsto para W e NW a partir das 22:00h. Aproveitei bem a virada do vento com uma cambada nesse horário que me levou certinho no layline da plataforma de petróleo "Casablanca", a primeira marca de percurso.


O vento também foi aumentando... cheguei na plataforma com 25 nós de contravento, rajadas de 27, com um rizo na genoa e dois na mestra, o barco galgando bem as ondas que aumentavam.


A cena na montagem da plataforma foi de filme, mar quebrando contra os pilares, vento uivando nos brandais e uma nuvem de tempestade, iluminada de raios, ao longe fazendo o fundo da imagem. Uau.


Montando a plataforma é que começou a diversão: vento - agora de popa - subiu para 30 nós constante, 35 de rajada, o mar já em 2metros +... me lembrou a situação que me assustou na Corsica Med, mas com mar mais redondo e, principalmente, comigo mais preparado.


Mantive as velas que tinha, depois cheguei a tirar o rizo da genoa e começamos a descida alucinante até Dragonera. O barco ia em média a 10 nós sustentados e picos de 11~14 a cada onda, chegandi a bater 15.25 de máxima, meu record até agora! O piloto automático não estava 100% confiável, funcionava bem mas as vezes se perdia nas ondas - provavelmente tenho que aprender a jogar melhor com as regulagens dele. Com isso, foi velejada na mão a noite toda até jaibar para Dragonera e o vento amainar um pouco para 25 nós, quando consegui deixar ele levando o barco e ir dormir um pouco.


Isla Dragonera, Maiorca


A montagem de Dragonera foi demorada, com vento fraco rondando, chuva gelada e mar picado. Ao menos deu tempo de aproveitar a paisagem linda da ilha, mas não consegui descansar muito por conta das rondadas e rajadas que entravam.

Montada a ilha, o vento veio firme na casa dos 18~20 nós, subindo para 25~28 de ENE, uma orça folgada de 50~60° graus com proa em Barcelona.


O mar estava alto, uns 2.5 a 3m, e de vez em quando uma onda com crista quebrada passava por perto... vi rajadas de 30 de novo.

O barco ia bem nas ondas, mas de vez em quando pulava em uma e caía sobre o próprio fundo do outro lado, com uma brutal pancada seca. Nessas horas que o Pogo2 mostra como é forte e eu fico aliviado por não estar num desses barcos leves e de proa redonda novos!


Mar alto na volta da Isla Dragonera


Passei a parte mais forte do dia somente com a mestra no 2o rizo, ainda andando bem a 6.5 nós, para poder dormir um pouco depois da noite insana. Uma vez descansado e com o vento nos 20~22 nós de novo, genoa rizada para cima outra vez.


Eu tinha um Pogo3 e um Wevo justo na frente e nem sinal dos outros barcos antigos (um Argo, um Nacira, três Pogo2) que estavam consideravelmente atrás de mim em Dragonera.

A noite foi tentar alcançar esses dois então, torcendo para que os outros não tivessem passado enquanto eu dormia. Já vendo Barcelona, estava quaaaase chegando no Pogo3, mas perdi a hora em um cochilo de 10 minutos no cockpit e, quando acordei, uma hora tinha passado e ele havia ganho uma milha e meia de novo em cima de mim 😅.


Daí para a chegada a dinâmica foi essa, recuperando um pouco mas já sem chance de alcançar esses dois barcos. Cruzei a linha por volta das 08:30 em 15° dos barcos de série, 19° geral e 1° dos barcos de segunda geração, depois de um dia e 19 horas de navegação. O próximo barco de segunda geração chegou 5 horas depois.


Para mim foi uma regata importantíssima. Peguei o pior das condições que haviam me assustado nas outras regatas novamente - e quase a regata toda - mas, dessa vez, estava tranquilo, sabendo que o barco aguentava bem o tranco e até me divertindo com a aventura!


Claro que foi dura, cansativa, me peguei quase enjoando algumas vezes, mas o sentimento geral de que estava tudo sob controle e conseguir competir sob essas condições, isso não teve preço.


A premiação foi uma bela festa - aliás, a organização do Maritím Barcelona foi excelente nesse e em todos os pontos - e levamos mais uma vez o prêmio Good Performance!


Premiação de regata em solitário é assim: todo mundo acabado, mas feliz de rever os amigos/concorrentes!


Em Série - e no geral - venceu o Maxi "Kiralamur", Francês, seguido pelo amigo italiano Massimo no seu Pogo3 "Like Crazy".

Em Protótipos o campeão foi o amigo Felip, com seu "Gínjol", deixando para trás os protos que haviam feito estrago na última regata, DMG Mori e Nicomatic.


É isso aí galera, essa foi a última do ano! Completamos 1460 milhas em regatas, com uma solitário de 500 milhas inclusa! 🥳


Na programação agora mais uma regata ano que vêm, a ser definida, a famosa Qualificação de 1000 milhas em solitário fora de regata e finalmente... a Mini Transat 2023, se tudo der certo!



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